terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CLANDESTINOS CONSOMEM 4 MILHÕES M³ D'ÁGUA NA CAPITAL




Por ano, o Ceará perde quatro milhões de metros cúbicos de água, equivalente ao consumo da população de Iguatu. O problema pode ser observado na Beira-Mar, onde uma tubulação feita para receber apenas a água da chuva despeja ligações clandestinas de esgoto, prejudicando comerciantes e frequentadores.

Ligações clandestinas de água são as grandes responsáveis pelo problema de abastecimento de água em Fortaleza. É o que alerta a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Cerca de quatro milhões de metros cúbicos de água são perdidos por ano devido a ligações irregulares nas redes de água da Cagece. Cada pessoa gasta por dia uma média de 150 litros de água. Ano passado, foram encontradas 2.850 ligações clandestinas em Fortaleza, "mas o número é muito maior", salienta Luiz Celso, gerente de Controle de Perdas e Eficiência Energética da Companhia.



Para agravar a situação, geralmente a pessoa que frauda utiliza muito mais água do que um usuário normal. "Já achamos, dentro da Região Metropolitana de Fortaleza, casos de fraudes para encher açudes", exemplifica o gestor.



Foto: Natinho Rodrigues 

Multas

Para combater práticas irregulares nos sistemas de água e esgoto, a Cagece fixou nova tabela de multas, que entrou em vigor em setembro do ano passado. A nova tabela cria também dois tipos de multas: uma para o lançamento de águas pluviais na rede de esgoto e outra para o lançamento na rede de esgoto de efluentes fora dos padrões (para indústrias). 

By-pass (desvio da tubulação original) e violação do hidrômetro são as fraudes mais comuns. Conforme tabela da Cagece, pelas infrações, o valor da multa varia de R$ 172,50 a R$ 925,00 para residências, e de R$ 557,50 a R$ 2.325,00 para estabelecimentos comerciais.

Celso explica que a Cagece tem um sistema de abastecimento de água principal - o macrosistema -, que transporta água da estação de tratamento até as redes de abastecimento. Nesse caminho, se ocorrerem ligações clandestinas, fica difícil da água chegar nos bairros periféricos da cidade, que é onde ocorre maior incidência de fraudes. "O vilão da história, que muita gente acha que é a Cagece, muitas vezes é o próprio vizinho, o cidadão que está ali furtando água e acaba faltando para o próximo. É importante que as pessoas denunciem", alerta Celso.

Esgoto

Diferentemente das ligações clandestinas na rede de água, mais fáceis de identificar por causa do hidrômetro aparente, em se tratando das ligações irregulares de esgoto, a fiscalização é mais difícil, porque é necessário levantar a tampa para confirmar se o imóvel está ligado. Ainda assim, nos últimos três anos, em torno de 700 ligações fraudulentas foram identificadas pela Cagece. Nesse mesmo período, quase 15 mil visitas foram realizadas. No caso de ligações clandestinas na rede de água pluvial, o esgoto será jogado de forma bruta no meio ambiente, prejudicando a balneabilidades das praias.

O problema é grave e pode ser visto em toda a orla da Capital. Na Avenida Beira-Mar, área nobre e um dos principais cartões postais de Fortaleza, em frente à tradicional feirinha de artesanatos, uma tubulação que só deveria receber água da chuva despeja ligações clandestinas de esgoto, chamando atenção de quem passa. O problema é antigo, tanto que os comerciantes estão descrentes em uma solução.

Eduardo Rios, 56 anos, que trabalha na feirinha há 27 anos, comenta que, quando chegou ao local, a feira ainda era exposta no calçadão da Beira-Mar e o esgoto já existia. A esperança do comerciante é que, com a reforma da Beira-Mar, o problema seja resolvido. Ainda assim, ele diz que o correto seria descobrir de onde vem as ligações clandestinas. "A rede é de água pluvial, mas deve ter ligação irregular, pois não para de sair esgoto", diz. Sobre o caso específico, Facó informa que a Cagece está realizando estudo com a Prefeitura para ver uma forma de solucionar o problema.

(Fonte: Cidade/DN)

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